De regresso ao Brasil para gozar um período de férias, Pedrinho abordou em entrevista ao portal Gazeta Esportiva a sua passagem pelo Benfica, falou sobre Jorge Jesus e a sua forma de trabalhar, mas também revelou estar em permanente contacto com Everton, que tal como o atual jogador do Shakhtar Donetsk passa por dificuldades de afirmação nas águias com Jorge Jesus ao leme.
“Passei um curto período no Benfica. O jogador precisa de confiança, poderia ser mais fácil pela língua. A adaptação foi rápida, mas por não ter as oportunidades preferi procurar outra oportunidade, que surgiu no Shakhtar Donetsk. Aqui há muitos brasileiros a ajudarem-me. Claro que há o frio, mas a adaptação acabou por ser rápida, tive uma sequência de jogos, confiança. Quando estás bem dentro de campo, é uma consequência”, assumiu o criativo brasileiro.
Pedrinho lembrou o trabalho com Jorge Jesus no Benfica e, apesar de elogiar a capacidade técnica do português, coloca o aspeto pessoal como algo menos bom. “Desde que cheguei ao Benfica nunca duvidei da forma técnica do Jorge Jesus, ele é muito bom. Não ia ganhar o que ganhou à toa. Mas a forma como ele trata as pessoas acredito que é determinante para o rendimento. Isso não é só comigo. Algumas pessoas lidam de forma mais fácil. O mais importante no jogador não é só a qualidade, mas a confiança que o treinador coloca em ti. Se não acredita em mim, não vai passar toda a confiança que o jogador precisa para jogar o melhor futebol. Isso é algo que acontece com alguns jogadores que jogam com ele, acabam por jogar sob pressão. Aprendi aqui com o técnico do Shakhtar que é preciso ter prazer de jogar e não sentir a pressão. Lá tens uma pressão para não errar. Falo muito com o Everton, sei o que passei lá, o que ele pode estar a passar. Acho que é um grande treinador, mas não dá total liberdade para o jogador se sentir à vontade em campo”, assumiu.
A conversa passou depois em concreto para a situação de Everton na Luz (com a possível saída em cima da mesa) e Pedrinho assume estar em permanente contacto com o compatriota. “Converso com o Everton diariamente e digo-lhe que vir para o Shakhtar ajudou-me bastante a retomar o meu futebol e a minha confiança. Mas que ele pense bem, não quero influenciar na decisão. É um grande jogador, como fã dele, quero é vê-lo jogar e ser feliz. Que ele se possa sentar com a família e decidir”.
Pedrinho explicou ainda de que forma é que se sentia de certa forma afetado pelo tratamento de Jesus nos treinos. “Às vezes fazes uma jogada no treino, que não é boa, mas estás só a tentar ajudar o companheiro, e ele ofende-te, como se estivesse a julgar-te e tu só queres ajudar. O jogador fica com medo de fazer. Aí pensas: ‘se fizer isso, ele já vai reclamar’. Chega uma altura em que não te sentes confortável em campo, em que tens medo de errar, de ser ofendido. Há jogadores que sentem e não conseguem render”, finalizou.
Por Record