ÚLTIMA HORA: Nuno Gomes Gostava de ter o Rúben Amorim no Benfica, saiba mais
Não tinha pensado nisso, mas é uma boa análise. Trabalhei com todos. Não sei se cheguei a jogar com o Nélson Veríssimo, mas fiz parte de um plantel em que ele estava. Joguei com o Mário Silva e o Petit, fizemos parte da mesma equipa dos juvenis e juniores do Boavista e depois nos seniores. Não coincidi com o Petit nos seniores, pois ele depois foi emprestado. Mas joguei no Benfica e na Seleção com ele. E com o Rúben Amorim também joguei no Benfica e no Sp. Braga. Tem essa curiosidade. Não sei se também eu não deveria ter ido para treinador…
Por acaso não. É daquelas situações em que até pensas por um momento, mas logo a seguir deixas de lado a ideia. Tive dois ou três treinadores que tentaram encorajar-me a ser treinador no final da carreira. Segundo palavras deles, eu teria jeito para treinador, mas sempre me vi ligado ao futebol, embora numa visão mais macro das quatro linhas, do que tão perto do jogo. Nunca me dediquei a essa vertente a 100 por cento. Já não será agora.
Cruzei-me com colegas que se percebia que, se quisessem, teriam jeito ou poderiam fazer carreira como treinadores depois de acabarem a carreira de jogador. E isso consegue-se perceber de várias formas. Pela maneira de jogar, outros pela maneira de liderar e de comunicar com os colegas e outros até no confronto com as ideias do treinador em situações de jogo. E pela maneira que queriam eles próprios muitas vezes dar indicações aos próprios colegas no sentido da equipa melhorar o rendimento.
O Rúben e o Petit foram, claramente, daqueles jogadores que tive como colegas que se percebia que iriam ter jeito para serem treinadores. O Mário não tive logo essa perceção, mas se calhar por eu jogar na frente e o Mário mais atrás. Isso pode-me ter passado despercebido, mas ele sempre foi um tipo de jogador muito curioso com tudo e mais alguma coisa no que diz respeito ao treino e ao futebol e também dava algumas indicações que poderia seguir pela carreira de treinador. Mas se calhar o Petit e o Rúben, como acabei depois, enquanto sénior, por passar mais tempo com eles, tive mais essa perceção. E o Petit foi durante muitos anos meu colega de quarto no Benfica e na Seleção. Percebia-se que queria ser treinador.
Ele próprio muitas vezes questionava o treinador, queria dar a sua opinião. Até muitas vezes em situações inesperadas, dentro de campo, tentava corrigir posições dos próprios colegas. O Rúben sempre foi uma pessoa muito inteligente naquilo que são os conhecimentos sobre o jogo. Sempre foi curioso e a tentar perceber o porquê de se estarem a fazer certos e determinados exercícios. Não é que me tenha surpreendido, pois ambos se percebia que querendo se poderiam tornar treinadores. E eles quiseram e fizeram muito bem. Estão a fazer carreiras boas, cada um à sua maneira. O Rúben foi uma ascensão mais rápida. Que é fruto e mérito total dele, da sua ambição, da sua forma de trabalhar, da sua relação com os jogadores.
Se calhar levou na cabeça por ter dito isso… Muito provavelmente deve ter levado. Como benfiquista, como é óbvio, gostava de ver o Rúben Amorim no Benfica. Houve essa possibilidade, não foi concretizada, mas, por outro lado e como sou amigo dele, estou feliz pela carreira que está a ter. Preferia que tivesse sido campeão ao serviço do Benfica [risos], mas sim, respondendo diretamente, ele nunca deveria ter saído de lá. Infelizmente saiu, mas não sabemos o dia de amanhã. Está no Sporting e é um grande profissional, prova-o todos os dias e como amigo só lhe posso desejar o melhor. Isso ele sabe-o. Menos contra o Benfica.